Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ela prefere a roça à cozinha


Rosiléia Kühl (foto) é produtora rural, mãe de duas filhas, administra a propriedade de 5 alqueires sozinha. Até aí vamos e convenhamos dar conta da família, propriedade, cultivar, comercializar, para quem já está acostumada a ouvir histórias de mulheres empreendedoras, é sabido que elas tiram de letra, não tem muito a revelar. Quando mulheres como Rosiléia precisam ir até o mecânico para cuidar do defeito do trator, atendida por homens, a pergunta antes de conhecê-la é: "Mas quem lhe disse que o trator está com esse tipo de problema? Seu pai? Seu marido?". Ela afirma: "Eu, digo".
Ainda é inconcebível para o meio masculino que uma mulher possa indicar para um homem qual defeito mecânico tem o trator. "Hoje em dia o mecânico me ouve", afirma. Ainda que não se trate de uma superação neste caso porque Rosiléia é cliente da mecânica há algum tempo, então, foi razoável atender bem uma cliente que sabe do que está falando.
Rosiléia conta que desde a adolescência gostava muito mais de ajudar o pai na roça do que ficar com a mãe na cozinha. O pai ressabiado não levava a sério tamanho interesse da filha. "Quando o pai não tinha com quem contar, me chamava para ajudá-lo, aí eu dirigia o trator com o reconhecimento do pai", conta Rosiléia.
Há sete anos, o irmão recebeu uma encomenda da comunidade do Jardim Santo André, para plantar 250 dúzias de milho para a Festa do Milho. O freguês aprovou e as encomendas foram aumentando. Neste mês acabaram de entregaram 1300 dúzias de milho para festa desse ano.
A discriminação é um comportamento comum no meio masculino. Recentemente precisou chamar a atenção do vizinho quanto ao limite de divisão entre as propriedades. Não foi ouvida, tampouco creditada. Foi necessária a presença do seu pai para que os vizinhos respeitassem o limite de divisão. Questionada se uma atitude dessas a aborrece, ela responde: "Não. Nem um pouco. Se eles (homens) se incomodam comigo é porque se sentem ‘ameaçados’", afirma com bom humor.       





[Matéria publicada originalmente na edição 125 do Jornal Pires Rural, 06/03/2013 - www.dospires.com.br]


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