Estudo
avaliará mudas quanto à resistência a fitopatógenos de impacto
Anualmente, os produtores de citros
têm constatado significativo aumento nos custos de produção na tentativa de
controlar fitopatógenos bacterianos, em especial aqueles disseminados por
insetos vetores. No Brasil, destaque deve ser dispensado à Clorose Variegada
dos Citros (CVC), causada por uma bactéria restrita ao xilema e o huanglongbing (HLB), associado a outras bactérias,
que colonizam vasos do floema. “Os métodos utilizados para controle dessas
doenças são restritos ao uso de mudas sadias, erradicação de plantas doentes e
o controle de insetos vetores”, comenta Lísia Borges Attílio, engenheira
agrônoma e doutora em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Fitotecnia, da
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).
Segundo a pesquisadora, estes
métodos não são totalmente eficientes para controlar as doenças bacterianas de
citros. Além disso, as cultivares comerciais de laranja doce não apresentam
resistência a estas doenças, o que impossibilita o melhoramento destas
cultivares através do método convencional, por cruzamentos. “Uma das
alternativas para obter resistência sem alterar as características fitotécnicas
destas plantas é o desenvolvimento de materiais superiores por transformação
genética”. Em seu doutorado, Lísia produziu plantas transgênicas de laranja
doce com um gene que codifica o peptídeo antimicrobiano sintético D4E1,
derivado de um peptídeo encontrado em insetos, promovendo a expressão em todas
as células da planta ou somente nas do floema. Em etapa posterior, estas
plantas serão avaliadas quanto à resistência a fitopatógenos bacterianos de
citros. “Resultados de estudos realizados por outros grupos de pesquisa
indicaram que este peptídeo apresenta efeito significativo no controle de
fitopatógenos in vitro e in
vivo em outras espécies”,
afirma a agrônoma.
O trabalho de pesquisa realizado
permitiu a obtenção de plantas transgênicas de laranja doce das cultivares
‘Hamlin’, ‘Pêra’ e ‘Valência’, contendo o gene D4E1. A transgenia foi
confirmada por PCR e por Southern blot, e a expressão do transgene foi
confirmada por PCR quantitativo em tempo real. “Com a obtenção de plantas
transgênicas expressando um peptídeo antimicrobiano sintético, será possível
selecionar as plantas com maior expressão do transgene, para que estas sejam
propagadas e desafiadas contra fitopatógenos bacterianos de citros”.
Com orientação de Francisco de
Assis Alves Mourão Filho, professor do Departamento de Produção Vegetal (LPV),
o projeto foi realizado no Laboratório de Biotecnologia de Plantas Hortícolas,
em parceria com Ricardo Harakava, pesquisador do Instituto Biológico de São
Paulo, e da professora Beatriz Madalena Januzzi Mendes, do Centro de Energia Nuclear
na Agricultura (CENA) da USP. O professor Mourão complementa que “os resultados
dos trabalhos desta pesquisa se somam aos outros já produzidos e em andamento
pelo grupo da ESALQ e do CENA, os quais incluem a produção de plantas
transgênicas de citros visando resistência a fitopatógenos por meio de diversas
estratégias”.
O projeto contou com o apoio
financeiro do Fundecitrus e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). A aluna contou com bolsa da Comissão de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes) durante o período do doutorado.
ESALQ - Assessoria de comunicação - 27/06/2013
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