A área rural de Limeira é bastante extensa, aproximadamente
450 km², apresenta muitos problemas em função da falta de uma política agrícola
para o município. Desde sempre caracterizada pelo agronegócio da citricultura e
da cana de açúcar, sofre com a descapitalização dos agricultores e a
resistência na mudança de culturas e diversificação.
Marcelo Coghi (PR), engenheiro civil, empresário, secretário
da Agricultura de Limeira concedeu entrevista para falar um pouco de manutenção
de estradas rurais, além da venda de alimentos para a merenda escolar do
município.
JPR: Qual é a visão que você tinha da Secretaria de
Agricultura e o que tem a dizer sobre os primeiros 100 dias de gestão?
Marcelo Coghi: Precisei me inteirar de como funciona a
máquina pública, das leis existentes, o que posso e o que não posso para as
cobranças. Queria saber onde estou pisando. Frequento bem a área rural. Sei das
necessidades do produtor rural. Imaginava o que conseguiria fazer, o máximo
possível. Hoje sei que tudo o que você consegue fazer (durante na gestão) está
vinculado ao orçamento da Secretaria. É utópico achar que vou conseguir deixar
todas as estradas rurais em perfeito estado. Quando dei início ao meu trabalho,
não tinha ideia da manutenção que era feita, o valor de custo por km e o
orçamento da Secretaria. Comecei tomar pé da real situação e conclui que a
manutenção (das estradas) pra ser bem feita custaria muito mais porque envolve
a retirada de água das estradas.
JPR: A retirada de água das estradas rurais sempre foi um
assunto delicado para a Secretaria, como você está lidando com esse assunto?
Marcelo Coghi: A primeira barreira ocorreu dentro da
Secretaria com a resistência dos meus funcionários. Eles não queriam ir para o
local exercitar a obra porque os produtores não permitiriam a obra das “cacimbas”.
Como existe a lei municipal e estadual, eu mostrei pra eles que faria sim, as
obras de retenção de água, amparado na lei. Já realizamos as obras de 30
cacimbas.
JPR: Como está a manutenção das estradas rurais?
Marcelo Coghi: Milagre ninguém faz. Numa condição boa (de
tempo seco) a Secretaria consegue realizar 1 km de estrada por dia ao custo de
R$ 10.000,00. Limeira tem 840 km de
estradas rurais, oficiais 450 km, fazendo 1 km por dia, num ano teremos
trabalhado 250 dias. Preciso de 2 anos pra fazer a malha toda. Daí as pessoas
começam a se acostumar com a estrada boa e vão exigir uma estrada melhor.
Quando a estrada está ruim e realizo a melhoria o cidadão fica agradecido, se
eu ofereço uma estrada boa a população vai exigir uma estrada muito melhor.
Isso o orçamento não cobre.
JPR: A Secretaria vai
fazer a manutenção das estradas de servidão?
Marcelo Coghi: A prefeitura não tem a obrigação na
manutenção das estradas de servidão. A
execução pode acontecer nas imediações de passagem na medida das
possibilidades. A lei contradiz quando afirma: "Se as máquinas estiverem
nas margens (das estradas de servidão) e houver disponibilidade
financeira". Para contentar alguns e descontentar muitos, não vou executar
obras nas estradas de servidão.
JPR: Como estão os trabalhos que envolvem a produção e
aquisição de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar?
Marcelo Coghi: Chamei a Cocer (Cooperativa de Citricultores de
Engenheiro Coelho e Região) aqui para que eles comprem laranjas dos produtores
de Limeira (apenas 6 produtores fornecem para a Cocer) pelo menos 50% da
produção vendida para Limeira. Organizamos uma reunião com os produtores e só apareceram
12 citricultores. Precisamos de 50 citricultores de Limeira fornecendo para a
merenda escolar através da Cocer. A lei é clara, tem que comprar alimentos da
cidade de Limeira, não tendo a cooperativa pode comprar da região. Os
citricultores de Limeira se inscrevem na Cocer só para fornecer. A Cocer é um
mero intermediário de nota fiscal, qualquer um pode fazer o que eles fazem.
Trata-se de 220 caixas a R$ 16,00. A Cocer recolhe a laranja, leva para a
fábrica, depois de pasteurizado e embalado distribui o suco para a merenda
escolar de Limeira e região. Eu estou aqui para desatar os nós e eles (produtores)
para fornecer laranja.
JPR: A Secretaria já admitiu outro engenheiro agrônomo?
Marcelo Coghi: Não. Estamos sem engenheiro agrônomo porque o
profissional chamado não se apresentou.
[Matéria publicada originalmente na edição 129 do Jornal Pires Rural, 02/05/2013 - www.dospires.com.br]
Capa da edição 129 do Jornal Pires Rural
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