Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

quinta-feira, 4 de julho de 2013

“Não vou executar obras nas estradas de servidão”, afirmou o Secretário Municipal de Agricultura


A área rural de Limeira é bastante extensa, aproximadamente 450 km², apresenta muitos problemas em função da falta de uma política agrícola para o município. Desde sempre caracterizada pelo agronegócio da citricultura e da cana de açúcar, sofre com a descapitalização dos agricultores e a resistência na mudança de culturas e diversificação.
Marcelo Coghi (PR), engenheiro civil, empresário, secretário da Agricultura de Limeira concedeu entrevista para falar um pouco de manutenção de estradas rurais, além da venda de alimentos para a merenda escolar do município.

JPR: Qual é a visão que você tinha da Secretaria de Agricultura e o que tem a dizer sobre os primeiros 100 dias de gestão?
Marcelo Coghi: Precisei me inteirar de como funciona a máquina pública, das leis existentes, o que posso e o que não posso para as cobranças. Queria saber onde estou pisando. Frequento bem a área rural. Sei das necessidades do produtor rural. Imaginava o que conseguiria fazer, o máximo possível. Hoje sei que tudo o que você consegue fazer (durante na gestão) está vinculado ao orçamento da Secretaria. É utópico achar que vou conseguir deixar todas as estradas rurais em perfeito estado. Quando dei início ao meu trabalho, não tinha ideia da manutenção que era feita, o valor de custo por km e o orçamento da Secretaria. Comecei tomar pé da real situação e conclui que a manutenção (das estradas) pra ser bem feita custaria muito mais porque envolve a retirada de água das estradas.

JPR: A retirada de água das estradas rurais sempre foi um assunto delicado para a Secretaria, como você está lidando com esse assunto?
Marcelo Coghi: A primeira barreira ocorreu dentro da Secretaria com a resistência dos meus funcionários. Eles não queriam ir para o local exercitar a obra porque os produtores não permitiriam a obra das “cacimbas”. Como existe a lei municipal e estadual, eu mostrei pra eles que faria sim, as obras de retenção de água, amparado na lei. Já realizamos as obras de 30 cacimbas.

JPR: Como está a manutenção das estradas rurais?
Marcelo Coghi: Milagre ninguém faz. Numa condição boa (de tempo seco) a Secretaria consegue realizar 1 km de estrada por dia ao custo de R$ 10.000,00.  Limeira tem 840 km de estradas rurais, oficiais 450 km, fazendo 1 km por dia, num ano teremos trabalhado 250 dias. Preciso de 2 anos pra fazer a malha toda. Daí as pessoas começam a se acostumar com a estrada boa e vão exigir uma estrada melhor. Quando a estrada está ruim e realizo a melhoria o cidadão fica agradecido, se eu ofereço uma estrada boa a população vai exigir uma estrada muito melhor. Isso o orçamento não cobre.

 JPR: A Secretaria vai fazer a manutenção das estradas de servidão?
Marcelo Coghi: A prefeitura não tem a obrigação na manutenção das estradas de servidão.  A execução pode acontecer nas imediações de passagem na medida das possibilidades. A lei contradiz quando afirma: "Se as máquinas estiverem nas margens (das estradas de servidão) e houver disponibilidade financeira". Para contentar alguns e descontentar muitos, não vou executar obras nas estradas de servidão.

JPR: Como estão os trabalhos que envolvem a produção e aquisição de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar?
Marcelo Coghi: Chamei a Cocer (Cooperativa de Citricultores de Engenheiro Coelho e Região) aqui para que eles comprem laranjas dos produtores de Limeira (apenas 6 produtores fornecem para a Cocer) pelo menos 50% da produção vendida para Limeira. Organizamos uma reunião com os produtores e só apareceram 12 citricultores. Precisamos de 50 citricultores de Limeira fornecendo para a merenda escolar através da Cocer. A lei é clara, tem que comprar alimentos da cidade de Limeira, não tendo a cooperativa pode comprar da região. Os citricultores de Limeira se inscrevem na Cocer só para fornecer. A Cocer é um mero intermediário de nota fiscal, qualquer um pode fazer o que eles fazem. Trata-se de 220 caixas a R$ 16,00. A Cocer recolhe a laranja, leva para a fábrica, depois de pasteurizado e embalado distribui o suco para a merenda escolar de Limeira e região. Eu estou aqui para desatar os nós e eles (produtores) para fornecer laranja.

JPR: A Secretaria já admitiu outro engenheiro agrônomo?

Marcelo Coghi: Não. Estamos sem engenheiro agrônomo porque o profissional chamado não se apresentou. 

[Matéria publicada originalmente na edição 129 do Jornal Pires Rural, 02/05/2013 - www.dospires.com.br]

Capa da edição 129 do Jornal Pires Rural

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