A assistência técnica foi essencial para que a agricultora
Priscila de Ávila, 44 anos, transformasse o gosto pela pimenta em renda
familiar. Há quase três anos, quando mudou com a família para o núcleo rural do
Lago Oeste, a 35 km de Brasília, ela deixou a música para se dedicar ao cultivo
do fruto conhecido pela ardência e sabor. “Eu não sonhava que iria mudar toda a
minha vida para mexer com pimentas, agora não quero sair desta área. É o único
fruto da natureza que mexe com o seu organismo dos pés a cabeça”, justifica.
Na propriedade estão exemplares de pimentas importadas de
países como o México, Austrália e Índia. Foi estudando que a agricultora se
interessou pelas espécies exóticas que, segundo ela, são mais saborosas e
ardidas que as convencionais. Hoje, a agroindústria Cornucópia é uma das
fornecedoras desse tipo de produto no Distrito Federal.
Priscila também investiu na fabricação de molhos, temperos e
geleias preparados artesanalmente na propriedade. “Recebemos o selo do
Departamento de Defesa Agropecuária e Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e
Animal (Dipova) e, com apoio da Emater, desenvolvemos o rótulo da
Cornucópia. Além disso, 90% das frutas em nossas geleias são produzidas e
colhidas por nós”, diz. A Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) é uma das
políticas promovidas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para
melhorar a renda e a qualidade de vida das famílias rurais, com o
aperfeiçoamento dos sistemas de produção.
Segundo Priscila, cada molho tem sua própria história e
combinação. “Meu produto é mais forte do que o tradicional. É um molho que leva
sabor. Eu tenho uma mistura entre pimentas muito ardidas e pimentas muito
saborosas. E isso tudo com a combinação de outros ingredientes, com geleias e
azeites”. As pimentas da agroindústria familiar também são encontradas em
restaurantes especializados em comida mexicana do DF.
Selo de Identificação da Agricultura Familiar - Sipaf
Em 2012, a agroindústria passou a comercializar os produtos
com o Selo de Identificação da Agricultura Familiar (Sipaf), do MDA. A
produtora explica que o selo é um agregador de valor para o trabalho. “O selo
‘Aqui tem agricultura familiar’ agrega valor ao produto. Você não sabe como foi
importante receber esse selo. Quando meu produto for vendido em outros estados,
as pessoas vão falar ‘poxa, esses produtos são feitos de forma artesanal, sem
agrotóxicos, produzidos de forma limpa e saudável’, e são esses os nossos
valores”, ressalta.
Para Priscila, a maior recompensa está na conquista do
paladar dos clientes. “A melhor das sensações é a hora em que a pessoa
experimenta e diz ‘nossa, é muito bom; nossa, eu nunca comi nada que tivesse um
sabor igual’. É isso que fortifica a gente a continuar o trabalho”, confessa.
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário
[Matéria publicada originalmente na edição 129 do Jornal Pires Rural, 02/05/2013 - www.dospires.com.br]
Capa da edição 129 do Jornal Pires Rural
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