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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Brasil mantém a aposta na agricultura contra a crise dos emergentes

A valorização do dólar e até uma estiagem, que deve reduzir a oferta de alimentos, deixam o setor do agronegócio otimista com as perspectivas para os preços das commodities

Lavoura de arroz sofre com a estiagem e tem queda na produção. Foto:Marcel Menconi
O Brasil mantém a aposta na agricultura contra a crise dos emergentes
A valorização do dólar e até uma estiagem, que deve reduzir a oferta de alimentos, deixam o setor do agronegócio otimista com as perspectivas para os preços das commodities
Enquanto os mercados financeiros globais passam a olhar com desconfiança para os países emergentes, o Brasil mantém a sua aposta nas commodities agrícolas contra a crise que mudou o status do país de bola da vez para patinho feio. Embora tenham caído entre 9% e 25% na Bolsa em relação ao ano passado, os preços das principais matérias-primas agrícolas exportadas pelo país, como soja, milho e açúcar, foram compensados pela alta do dólar. A cadeia do agronegócio corresponde a 25% do PIB brasileiro e em 2013 suas exportações geraram receitas de 82,6 bilhões de dólares, ou 34,5% do total nacional. A expectativa dos exportadores é, ao menos, repetir o número. Em janeiro, o Índice de Commodities agropecuárias do Banco Central (IC-Br) subiu 1,9% e acumula uma alta de 5,9% nos últimos três meses.

Uma forte onda de calor que tem atingido a América do Sul pode causar quebras de safra em diversas regiões do Brasil, que já registram uma estiagem há mais de três semanas durante um período crucial de desenvolvimento das plantas. Isso tem alimentado as expectativas dos agricultores de alta dos preços, já que causaria uma redução na produção em um momento em que a expectativa atual do Governo é de mais um recorde na oferta de grãos. O cálculo final da safra ainda não foi refeito.

Na avaliação de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura de Lula entre 2003 e 2006, o mercado de grãos em 2014, especialmente para a soja, deve ser bastante promissor. "Os estoques globais atingiram níveis terrivelmente baixos, o que significa que um problema climático que afete fortemente os maiores exportadores já basta para deixar o mercado com uma crise de abastecimento", diz ele.

De acordo com João Bosco Azevedo, gerente comercial da Cooperativa Integrada, sediada em Londrina, no Paraná, os produtores da região estão segurando a soja na esperança de vendê-la a um preço mais alto. “Nossa estimativa é de que 50% da safra atual tenha sido vendida até o começo de fevereiro. No mesmo período do ano passado, nossa região já tinha uma média de 65%. Hoje, é raro encontrar um agricultor que esteja numa situação de aperto financeiro. Já não existem aventureiros”, afirma ele, que trabalha para uma cooperativa que conta com 7500 produtores de grãos e outros culturas e faturou 1,7 bilhão de reais no ano passado.


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