Sr. João Marchini trabalhou vendendo verduras com sua
carroça durante 40 anos. Aí resolveu mudar de profissão. Por revirar, em sua
infância, nas coisas de carpinteiro de seu avô e vê-lo manusear as ferramentas,
pegou pratica no trabalho com madeiras. Sr. João é um sujeito de muitas noções.
Quando montou sua oficina para trabalhar na manufatura de charretes e carroças,
foi ele quem construiu o maquinário como a furadeira e outros que utilizou como
ferramentas em seu serviço. “Comecei em 1978, tenho muito conhecimento, fiz
máquina para emparelhar madeira. Alugava umas máquinas, que tinha construído,
para fazer tamanco de madeira com tiras de couro. Conheci de tudo um pouco.
desde trabalhar na roça até forjar a ferragem”. Sr. João também consertava
charretes. Teve diversos cavalos e charretes. Ele mesmo amansava seus animais.
“Colocava eles na charrete e saía andando”, conta. Sua charrete disse não tem
mais “nem a sombra” relata em tom bem humorado.
Carroça do Sr. João |
Sua oficina, hoje em dia, quem toca é seu filho João Luís
Cavinato Marchini que também já fez máquinas para trabalhar na construção das
carroças. Segundo ele, toda a execução de uma charrete é feita artesanalmente e
hoje ele tem as máquinas, a eletricidade, mas “antigamente era tudo lavrado à
mão, no serrote, formão, talhadeira”.
A freguesia, na época de seu pai, eram pessoas que moravam
no sítio e que encomendavam carroças e charretes e havia muitos consertos
também. Segundo Sr. João “foi um período de luta, viu? Graças a Deus, foi bem,
deu tudo certo. Hoje estamos aí”.
Sr. João Marchini, montou sua oficina para trabalhar na
manufatura de charretes e carroças
|
Uma das heranças da família Marchini, caminhão Chevrolet ano
51
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João Luís costuma usar a madeira de garapeira para construir
suas charretes de passeios, que são as mais procuradas. “Minhas charretes são
totalmente pintadas, tanto ferragens quanto as partes de madeira. A parte de
tapeçaria divido a metade do serviço com um amigo. Uma charrete boa de
acabamento, boa de qualidade, fica no valor de R$2200,00. Existem as mais caras
com ferragens cromadas, etc. Eu cheguei a fazer um trole pra mim. Não copiei
modelo de ninguém, cada detalhe foi criado tudo da minha cabeça. Vendi ele mês
passado para um empresário que ia usar para distribuir presentes com o papai
Noel”.
Trole feito pelo Sr. João |
Perguntado se tem que levar o cavalo para tirar as medidas
antes de fazer a charrete, ele diz que não é necessário, pois, mesmo sem saber
o tamanho do animal, suas charretes servem tanto para animais de porte médio
quanto grande.
Matéria publicada originalmente na edição 33 do Jornal Pires Rural, 15/01/2007 - www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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