Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Entrando água pelo bolso do Produtor

Em recente reunião, na cidade de Engenheiro Coelho, o Conselho Regional Rural convidou o palestrante João Cabrera para abordar o tema da “Lei pela cobrança dos recursos hídricos”. Esta nova Lei é de suma importância porque prevê a cobrança pelo uso da água de rios, córregos, represas, e aqüíferos subterrâneos (poços caseiros ou artesianos).
João Cabrera é engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura (CATI) em São João do Rio Pardo,  presidente da Câmara Técnica de Recursos Hídricos da bacia do rio Guaçu. Como ele é envolvido no assunto que diz respeito à Lei, foi chamado para sanar dúvidas de produtores rurais e relatar sobre os prosseguimentos da regularização do início da taxa de cobrança.
A “Lei pela cobrança dos recursos hídricos” foi aprovada em dezembro de 2005, depois de cinco anos de discussão na Assembléia Estadual, impõe a cobrança pela utilização de recursos hídricos para empresas de saneamento, indústrias petroquímicas e de bebidas, agropecuárias, psicultura e hidroelétricas. No estado do Ceará  já é aplicada.
Por enquanto, moradores e produtores rurais que utilizam recursos hídricos estão isentos do tributo, entretanto, não é motivo para manter os braços cruzados, pois, a partir de janeiro de 2010 essa taxa aumentará a carga de impostos do contribuinte, e se a sociedade participar desse tema agora, através das câmaras técnicas e dos comitês de bacias, é a chance de poder decidir o que será aplicado em 2010.
 
Moradores e produtores rurais que utilizam recursos hídricos estão isentos do tributo


Comitês de Bacias
O funcionamento dos comitês que regulam as bacias hidrográficas são divididos em três partes; a que corresponde ao município, o Estado com membros representantes de órgãos como saúde, educação, agricultura e terceiro componente de entidades que compõem assentos nos comitês está a sociedade civil com as indústrias, cooperativas, sindicatos, associações e ONGs. Tratando de assuntos mais específicos estão as câmaras técnicas como no caso de planejamento e gerenciamento, outorgas e licenças, saneamento, educação ambiental e até Agenda 21. Todas as pessoas podem participar das reuniões que são eventos abertos, porém, nem todos têm direito a voto, pois o quadro na maioria das vezes já está completo, mas alguns comitês dão direito a voz. Limeira faz parte do comitê da bacia hidrográfica do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). O Estado de São Paulo está dividido em 22 comitês.

Tributo
Nas palavras de João Cabrera, “hoje pagamos tudo. Uma coisa é você beber água, a outra é uma indústria que fatura milhões e polui horrores. Vai ficar por isso?” É preciso ficar atento em relação ao nível de consumo de cada parte. É tudo questionável e seus entraves passam pelos comitês para resolvê-los. Por isso a importância na participação dos comitês, pois são eles que darão a decisão final de como cobrar, quanto cobrar e quando cobrar”. De acordo com a Lei, os recursos obtidos com a cobrança da taxa serão aplicados na própria região, na melhoria de recursos hídricos, e onde será aplicado é decisão do comitê.
Recursos federais disponibilizados pela FEHIDRO são gerenciados pelos comitês, são valores em torno de R$ 5 milhões para serem aplicados nos municípios de bacias hidrográficas. Dizendo jus a cobrança, João cita que uma obra de saneamento na cidade de São João do Rio Pardo está avaliada em R$ 10 milhões “ou se faz essa cobrança ou arranca de outro lado. Tem o caso do produtor que me pergunta sobre a nascente que está em sua propriedade e ele irá ter que pagar por algo que já é dele? Mas como fica o vizinho que não tem nascente? E as indústrias não são apenas abastecimento doméstico? Agora é hora de discutir os vários questionamentos que a Lei apresenta através das reuniões dos comitês e se chegar a um acordo”, relata João.

Para Luiz Oda Honma, Engenheiro Agrônomo e representante do Conselho Municipal Desenvolvimento Rural de Engenheiro Coelho a legislação sobre cobrança da água esta em vigor “muitos já ouviram falar sobre o assunto , mas estão esperando para ver o que acontece ou aguardando que outros tomem as dores da agricultura. A participação do setor agrícola nos comitês das bacias hidrográficas precisa ser mais ativa e firme. Outros setores estão mais atuantes e conseguindo colocar suas posições.O momento atual de discussões da regulamentação nos comitês,ainda permite que se faça alterações, mas o tempo esta correndo e a agricultura ficando de lado”, aponta.




Matéria publicada originalmente na edição 36 Jornal Pires Rural, 10/03/2007-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. 
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Logo

Logo
Há 13 anos revelando a agricultura familiar